quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Banalize o “inbanalizável" ou escolha com moderação

A desconstrução do passado se torna comum quando caminhamos prum futuro melhor, isso é evidente e orgânico. Valores novos destroem os antigos e estes, por sua vez, são a base de hierarquias que se perdem. Hierarquias do ortodoxo. O que nunca vai deixar de acontecer mesmo que você procure um psicólogo, para tentar se desfazer do descabimento do mundo. Aí está o paradoxo moderno do homem bem resolvido.

Por um instante de loucura, você pensa. E se é cidadão criado na antiga família brasileira começa a questionar se seus avós estavam mesmo errados. Pois “banalizar” as coisas está tão banal hoje em dia, que observamos nossos avôs atingindo outras e novas maneiras. O diferente se tornou comum. O independente hoje é louvável. É de se prezar que o sexo também esteja ficando universalizado. Não quero mesmo ignorar o liberalismo que a sociedade impõe aos nossos modos, pois é esta a maneira na qual vivemos cada mísero dia de nossas vidas: é inquestionável.

No entanto, tudo se repete e se constrói de um passado como eu mesmo disse. Onde estarão as suposições de nossos pais e avós nas nossas atitudes de hoje em dia? Vejo mulheres cada vez mais imbuídas do serviço doméstico e dos bons modos. Vejo homens que não apreciam em si próprios a maneira moderna de ser. Ao mesmo tempo em que me conforta ver nenhuma mudança brusca, há algo dentro de mim que envergonha e entristece, a cada centímetro ao lado do comum e universal. Há algo em mim que espera um baque do incomum, mas se assusta.

Vai lá que você pegue um livro e se pergunte: “que folhas são essas?” São as mesmas folhas que seu pai adquiriu consciência das mesmas coisas que você trás a luz hoje. Você não o joga fora, leva este livro para o sebo da família para então ser dividido. Daí se faz o comum e é nessa estrutura que ele age na mente de todos: as velhas e consumadas manias. Caio em mim agora: estará correto banalizar-se no sentido mais pleonástico da palavra. Banalizar o comum? O que hoje já aparece na mídia insaciavelmente? O que vemos nas ruas todos os dias? Nem precisamos sair de casa para nos confrontar com uma realidade que em sua essência tímida nos irrompe no jantar.

Veja o vídeo da campanha e reflita. Leia esta frase de um livro que atende bastante à proposição do que eu falo nessa crônica:

"Tudo o que fazem os homens está cheio de loucura. São loucos tratando com loucos. Por conseguinte, se houver uma única cabeça que pretenda opor obstáculo à torrente da multidão, só lhe posso dar um conselho (...) se retire para um deserto, a fim de aí gozar à vontade dos frutos de sua sabedoria."
Elogio da Loucura – Erasmo de Roterdam
É através dessa campanha que eu reclamo. Onde está a veracidade na vida do cidadão? Se vivemos do exagero, conseguimos fazer com que ele nos corrompa totalmente. É só ligar no horário nobre da televisão atual. Qual é o limite entre o folhetim fantasioso e da moral enaltecedora?

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