quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Emergência submarina


Estado de calamidade pública e eu aqui tomando café com leite, como quem não descobre as coisas por acaso. Confio que seja assim.

Ocorre que o acaso não é aliável ao chão frio do brasileiro. A água escorre para todos os lados em Santa Catarina e menor escala: São Paulo e Rio de Janeiro. Heróis aparecem na televisão e nem é a Tevê Globinho (apesar do horário). Tá difícil acompanhar decentemente um programa na hora adequada: é só nisso em que a situação atual me atinge?

Por morar numa ladeira bem apessoada, não me furto à preocupação de que algum dia a água atinja o meu nível. Imagino todos aqueles ricões cariocas que moram “em elevados” precisando da defesa civil, quando eu já estiver afogado ou então numa nau em direção ao Cristo Redentor (única terra livre que restará). Terra à vista!: neste caso o mundo precisará de uma estrutura submarina.

Rezo para que Chico Buarque não seja um profeta em uma de suas músicas onde a letra promete: “os escafandristas virão explorar sua casa, seu quarto, suas coisas, sua alma, desvãos”

Talvez por encargo de consciência caiba a lembrança: nós não estamos vivemos num submarino amarelo. Os submarinos pararam de ser novidade desde a primeira guerra mundial, mas duvido que exista estrutura para seis bilhões de pessoas num destes.

Então tomo mais um gole da água barrenta e quente. A única diferença entre ela e a água que aparece nas reportagens de tevê agora é a temperatura. “- É engraçado, mas é trágico.” – diz a apresentadora. É também triste a humanidade precisar de atos heróicos numa hora dessas.

Casos como o atual - na alma brasileira – são redutos de grande imaginação, digna dos nossos melhores livros baseados em fatos reais.

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